Há quase 30 anos, com a queda do muro do Berlim e o fim da Guerra Fria, Francis Fukuyama, filósofo e escritor norte-americano declara o “Fim da História”, com a vitória definitiva do capitalismo sobre o socialismo.
Apesar dos prêmios que ganhou e dos rios de livros que vendeu, não poderia haver afirmação mais estapafúrdia.
O socialismo é uma ideia. E esta ideia está mais viva do que nunca. A história não acabou e provavelmente não acabará.
O socialismo é a ideia de um mundo mais justo, fraterno e igualitário, onde a vida e o destino das pessoas não seja tão profundamente condicionado por suas posses (ou pela ausência delas) e pela riqueza e privilégios de sua família.
O socialismo é a busca pela igualdade de OPORTUNIDADES entre os seres humanos, de modo que todos possam se desenvolver em sua plenitude, explorar suas potencialidades e inaugurar uma nova era na civilização humana e no planeta Terra. Não é sobre todos serem iguais, mas pelo contrário: é sobre valorizar verdadeiramente a diversidade e as potências individuais a partir de uma estrutura de distribuição equitativa.
Ele nasce da recusa em aceitar as desigualdades históricas como “naturais” e da vontade mudança, com o intuito de mostrar que PODEMOS viver e nos organizar de uma outra forma, que contemple o bem-estar da imensa maioria da população mundial, ao contrário do que acontece hoje, onde uma ínfima minoria é beneficiada pelo trabalho e suor da maior parte da população.
Como toda mudança estrutural, houve e haverá muita resistência, luta e diversos obstáculos para que ela se efetive, principalmente por parte daqueles que jamais abririam mão de seus privilégios em prol da maioria.
Mentiras, assassinatos, traições, desinformação, boatos, manipulações, confusões, mau uso e toda sorte de artifício já foi utilizado para combater esta “ideia perigosa” e profundamente deturpada ao longo dos quase 200 anos de sua existência; e gente que nunca sequer se deu ao trabalho de pensar com seriedade o assunto sente-se a vontade para discursar com propriedade sobre ele, estimuladas por outras pessoas, estas menos ignorantes, mas que se beneficiam da ausência de profundidade alheia para apresentar suas perspectivas delirantes como verdadeiras.
Já se vão ao menos dois séculos de luta ininterrupta em que milhões de trabalhadores e trabalhadoras de todo mundo deram suas vidas para que fosse possível continuar sonhando com outro mundo possível chamado ‘socialismo’. Fora os milhares de anos onde sempre houve gente lutando contra as injustiças. Não foram poucos os percalços nem os oponentes a enfrentar nesta jornada.
20 mil mortos na Comuna de Paris; 5 mil mortos do Domingo Sangrento em São Petesburgo; milhões de comunistas assassinados pelo nazismo; mortos nas ditaduras latino-americanas, nas greves e levantes populares mundo afora, desde a criação da AIT até hoje; e em rincões distantes e esquecidos. Gente anônima e ilustre que tombou das mais diversas formas.
Já encaramos czares, monarcas, generais e industriais; Hitler, Franco, Mussolini, McCarthy, Reagan, Pinochet, Castelo Branco, Ustra, e tantos outros. Sobrevivemos a CCC, AAB, Operação Condor, KKK, TFP, DOPS, DOI-CODI, SS, queda do muro de Berlim, Fukuyama e muito mais. A cada companheiro e companheira que tomba neste caminho, ficamos mais fortes; aumenta nossa sede de justiça.
E mesmo depois de tudo isso, ainda estamos aqui. Vivos. Sonhando, lutando e construindo este outro mundo a partir da vida de cada um e cada uma que não se cala frente as injustiças.
O socialismo não é um botão que se aperta ou desaperta de acordo com a conjuntura. Ele é a antípoda de um mundo desigual; é um espectro presente onde quer exista violência, opressão e busca por justiça. Não é preciso incluso apegar-se a nomes pois esta ideia não é apenas um conjunto de letras ou sons.
O mais importante é saber: estaremos presentes onde houver injustiça; seja no passado, presente ou futuro. E por isso é que somos temidos, pois todo império desmorona, mas o desejo de liberdade viceja, permanece, atravessa tempo e espaço, povos e civilizações.
Somos sujeitos históricos, como estes no quadro do pintor soviético Gely Korzhev, nesta tela que se chama “pegando a bandeira”. E assim será. Luta ininterrupta e paciência revolucionária. A bandeira seguirá passando, mão em mão, adiante.
Então fica claro o que está acontecendo aqui, senhor presidente: não somos nós que estamos amedrontados com suas ameaças vazias, mas é justamente o contrário: você e seus generais é que sabem ser impossível nos derrotar. Ou talvez apenas sintam isso no resquício de humanidade que permanece vivo em vossas boçais existências.
Vocês podem mentir, matar, torturar, dificultar nossa vida e brincar com a consciência do povo, mas a marcha da história não para, e um dia a conta chega.
Posso tombar, morrer ou ficar para trás, mas uma certeza me tranquiliza: alguém levantará essa bandeira depois de mim, assim como hoje levanto a bandeira em nome de todos que ficaram pelo caminho, mas seguem sonhando com um mundo melhor onde quer que estejam.
Como diz a canção:
“Você vem me agarra, alguém vem me solta
Você vai na marra, ela um dia volta
E se a força é tua ela um dia é nossa
Olha o muro, olha a ponte, olhe o dia de ontem chegando
Que medo você tem de nós, olha aí
Você corta um verso, eu escrevo outro
Você me prende vivo, eu escapo morto
De repente olha eu de novo…
De repente olha eu de novo…”
Fique tranquilo, Jair Messias Bolsonaro, nós já enfrentamos séculos de lutas e percalços. Sua existência sequer nos tira o sono. Dentro em breve você apenas será mais um obstáculo vencido a ser citado em textos como esse.
Um dia, um dia… a verdade nos libertará.
A verdade da paz e da justiça.
Djalma Nery, 01 de janeiro de 2019.
Huau deixa ele pensar que está agradando kkkk
Belíssimo texto. Resistência sempre!
Palavras sábias. Obrigada!
Prezado Prof Djalma, admiro sua luta e ideais mas um ponto de reflexão a Esquerda desse país tem que fazer, o que faz um país buscar no pleito os valores encontrados na postura rígida de um ex militar. No pleito foi eleito com um breve bastante expressivo d votos a seu favor. Tenho certeza que vocês devem fazer essa análise.
Aproveito para lhe desejar muita paz em 2019
Caro colega,
Parabenizar você por este verdadeiro libertário texto é o mínimo que posso fazer além de divulgar ao máximo. Apesar dele$/a$; amanhã há de ser outro dia -como diz a canção -.
Venceremos!
Hasta la vitória siempre.
Bonfim Costa Sousa
Parabéns pelo belo texto.
Excelente texto, muito bem explicado e nos motiva a seguirmos em frente com nossa bandeira de justiça!!
Texto perfeito. Como todo regime autoritário, o bolsonazismo precisa eleger um inimigo em comum para manter a coesão entre suas hostes e manipular as massas. O socialismo, que nunca vivemos por aqui, está para este governo como os judeus estavam para o reich. Imprescindível fortalecer a união das forças progressistas, em todos os campos. Bolsonaro e sua corja vão passar, mas o tempo que isto durará e a profundidade do estrago dependem muito do trabalho da esquerda organizada.
Emocionada dirijo-me a você em gratidão! Seu texto retrata a dor e o anseio de brasileiros sensíveis por justiça e humanitude! Venceremos! Não tardará esse dia! Mesmo com nossos corpos tombando estaremos de pé no ideal de luta pela igualdade entre os brasileiros!
Que lindo Djalma Nery.Emocionante e alentador.Parabéns pelo texto pela coragem e pelo amor a liberdade e a judtiça social.Abraço
Djalma, bom dia!
Ressalto em seu texto a falta de esclarecimento quanto a União soviética, que em sua história, pouco foi o momento de socialismo, mas sim uma ditadura stalinista e, que insistem, em atribuir a ela o socialismo.
Inclusive, quando cita exemplos de não socialismo/comunismo, exclui a Rússia. Talvez até deixar claro que a Rússia, considerada exemplo.de socialismo, nunca foi a stalinista que sobreviveu até a queda do muro…
Essa realidade histórica, em meu entendimento, precisa ficar claro no texto…
Maravilhoso!
Parabéns, Prof. Djalma;
Acho que posso considerar o seu texto uma belíssima crônica, que além de didática é motivacional, me fazendo sonhar acordado.
Um forte abraço, guerreiro e não soltaremos essa bandeira.
O texto pode ser compartilhado?
O que amedronta não é Bolsonaro, mas o sentimento despertado por ele, com suas mentiras e mesmo sem elas, naqueles que convivia-mos até pouco por um top identitário (colega, amigo, parente), top esse desfeito por uma mão horrenda e viciosa e que liberou o pior dessas pessoas. O governo e suas obras econômicas danosas vai desabar, mas as marcas na sociedade serão profundas. Libertamos o pior do povo.A sensação é de náusea.Não há medo, mas há náusea.
Que texto maravilhoso Djalma!! Parabéns pela ibiciativa e forma como defende a ideia do Socialismo, ou seja, de um modo mais igualitário de se viver e conviver. E como disse o querido “Capitán”: “Hasta la victória siempre!”
Grande e afetuoso abraço socialista!
Rita
O que dizer sobre um texto sóbrio como esse ?
Simples pela própria síntese, de ser apenas verdadeira.
Parabéns
Bom dia Djalma!
Tb já senti esta situação de um simples comentário “Socialismo”.
Tento especificar o sentido do “Social” e encontro um muro repleto de idéia pré estruturadas ou mesmo concebida, baseadas em mentiras.
Triste.
Concordo com a perceverança e luta pelas justiça, igualdade e vida digna a todos.
Um SOCIAL real e maduro.
Seu texto me faz recordar Djalma minhas aulas nas primeiras séries, onde víamos e éramos educados sob informações distorcidas, mesmo jovem tentando entender o pq de pessoas que tentam buscar a justiça social eram ditas “subversivas” havia um sufocante ponto de interrogação e quando este era colocado em questão…logo vinha uma ameaça disfarçada em..” olha Neusa Golineli, quando vc analisa desta maneira vc nem imagina o qto de sonhos inacabados e contra os que realmente pensam nos “oprimidos”, assim é bmelhor vc entender que o socialismo é o verdadeiro “COMUNISMO” e não é bom falar sobre tais..UTOPIAS…?”
Então realmente a confusão nas mentes de muitos se faz presente há décadas entre o Socialismo e Comunismo…afh.
Estamos na luta sim e pelos direitos de cada ser vivo tb levanto esta BANDEITA!
Um abraço
Boa leitura para reflexão. Afinal, em que o pensamento socialista está preso? Pode ser construido em democracias ou exige ditaduras como foi experimentado em alguns países? A social democracia que procura usar o melhor do sistema econômico capitalista e do comunista, mantendo hibridamente, o melhor da livre iniciativa e acumulação de riquezas individuais com a proteção da dignidade humana coletiva e promoção de bons caminhos de ascensão social, é uma construção viável como se revela em vários países europeus? Enfim, é mesmo aquele monstro que nos foi implantado em fases de irracionalidade infantil para nos dominar pelo medo? Somente a verdade nos libertará!
Não conheço o autor mas deixo aqui meu agradecimento por esse maravilhoso e energizante texto.
Excelente texto!!!!
Muito bem Djalma! Precisamos de pessoas que difundam as ideias de igualdade para lutarmos juntos por elas.
Este texto reflete o pensamento de muitos! Além de ser grata e parabeniza-lo, irei divulgar Muito!!Gratidão.
Excelente texto, Djalma. Lúcido. Não faltarão, nesses tempos, assuntos ou fatos para sua análise e reflexão. Obrigado por compartilhar.
Um grande abraço.