Foto: https://racismoambiental.net.br/2020/10/08

Entender um problema é o primeiro passo para superá-lo. A análise de dados e informações, a realização de estudos e cartografias são algumas ferramentas importantes neste processo. A gestão pública é muito mais eficiente na busca por soluções quando faz uso delas, pois, neste caso, torna-se capaz de tomar decisões mais efetivas e que realmente vão à raiz dos problemas.

São Carlos – Capital Nacional da Tecnologia, título oficialmente concedido à cidade pela Lei 12.504/2011, sancionada pela então presidenta Dilma Rousseff – teria tudo para se destacar neste sentido, não fossem seus gestores atrasados, retrógrados e muito mais preocupados em conquistar espólios em uma luta por poder do que de fato gerenciar o município em nome do interesse público. A despeito de qualquer titulação, hoje, em termos de gestão pública, São Carlos está muito mais atrasada que a média das cidades da região: não investe, não se preocupa e não produz estudos, análises e dados como instrumentos de auxílio à elaboração e monitoramento de políticas públicas. Para que serve a Secretaria de Planejamento e Gestão? Onde estão os analistas de dados da cidade? Os produtos e análises dos territórios? Por que o “SigaSC – Sistema de Informações Geográficas de São Carlos” está defasado em quase 1 década, com imagens de 2008/2004? São apenas algumas das perguntas que fazemos quase diariamente.

Neste exato momento assistimos ao início de uma nova onda de contágio do coronavírus em São Carlos, com predominância da variante Ômicron – cenário similar ao do país. Ainda que tenhamos um satisfatório índice de vacinação, o efeito da doença nas crianças, nos não completamente imunizados (são quase 50 mil faltosos na cidade!), naqueles que possuem múltiplas comorbidades ou de idade avançada, continuam sendo preocupantes. Isso sem falar no efeito de lotação das unidades de saúde, o que dificulta o acesso ao atendimento de qualquer demanda que um munícipe venha a ter, gerando atrasos no acolhimento que podem ser fatais.

Desde o início temos insistido que um dos melhores caminhos para que o poder público colabore com a diminuição da taxa de contágio, é otimizar seus focos de testagem; aumentar os índices de imunização; implementar o bloqueio focal e ouvir especialistas da área. Infelizmente os gestores parecem surdos, inoperantes, fechados ao óbvio e demonstram total descaso e negligência com a população.

Já sabemos que quase 50% dos casos de Covid-19 na cidade tem origem na Zona Sul de São Carlos (grande Cidade Aracy), e cobrado uma política de testagem e imunização que privilegie este território, mas a prefeitura NADA FEZ NESTE SENTIDO, apesar das inúmeras cobranças, requerimentos e reuniões.

Nosso mandato produziu um estudo demonstrando em números o que já sabíamos:

A COVID-19 em São Carlos tem cor, idade e renda, e atinge muito mais os jovens, negros(as), pobres e periféricos do que os demais segmentos da sociedade.

Vejam os mapas produzidos pelo geógrafo Vitor Camacho e analisados pelo sociólogo Djalma Nery. CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIAR.

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Uma análise rápida aos mapas demonstra o óbvio: que a prioridade da gestão pública deve ser ATENDER A POPULAÇÃO PERIFÉRICA, NEGRA E POBRE com testes, vacina e condições de permanecer em casa. Desde o início de 2021 temos solicitado reiteradamente que a prefeitura viabilize um CENTRO DE TRIAGEM E TESTAGEM NA ZONA SUL, onde estão a maioria dos casos, mas isso NUNCA ACONTECEU. Agora, reabrem novamente o Ginásio Milton Olaio Filho como Centro de Triagem, distante quase 10 quilômetros do epicentro de transmissibilidade no município. É claro que muita gente NÃO SERÁ TESTADA pois não consegue chegar até o local por não possuir automóvel ou condições de deslocamento. É claro que, com menos testes, a transmissão aumenta! E novamente os gestores não cumprem com seu papel.

Qual é a dificuldade da prefeitura ser razoável? Considerar a ciência, a pesquisa, as informações? Se a dificuldade é produzir estudos, aqui está o nosso, PROVANDO a demanda especial da região.

Prefeito, vice-prefeito, secretários: não permitamos a repetição evitável de toda essa tragédia em nossa cidade. Teremos mais dois meses de altos índices de contágio, óbitos e impactos por que os senhores não são capazes de trabalhar e ouvir a voz da razão?

População: não podemos eleger representantes tão despreparados e descompromissados para gerenciar nossas vidas. Menos ainda em momentos de crise, como esse. A ciência e a informação são nossas aliadas, e devem ser ouvidas, não ignoradas!