Você sabia que a maior parte dos alimentos produzidos no Brasil vêm da agricultura familiar?
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e o IBGE, 70% dos alimentos que chegam à mesa da população são produzidos pela agricultura familiar. Ainda, segundo o último Censo Agropecuário (IBGE), a população responsável pela agricultura familiar corresponde a quase 80% da população rural, somando mais de 13,8 milhões de pessoas.
Porém, o que muitos não sabem é que mesmo produzindo a maior parte dos alimentos que consumimos e sendo a maioria no campo, a agricultura familiar ocupa a menor parte das terras e recebe a menor parte dos recursos da agricultura.
Segundo ainda o Censo Agropecuário, as grandes propriedades (com área de mais de mil hectares) somam menos de 1% do total dos estabelecimentos rurais brasileiros, mas concentram 45% de toda a área rural do país!! Por outro lado, as pequenas propriedades (com área inferior a dez hectares), responsáveis pela maior parte da produção dos alimentos que consumimos, somam mais de 47% do total de estabelecimentos do país, mas ocupam menos de 2,3% da área total.
Ainda por cima, o agronegócio fica com mais de 70% dos recursos do Ministério da Agricultura, enquanto a agricultura familiar, fica com menos de 30% dos recursos federais reservados à agricultura.
Essa diferença desproporcional significa que a maior parte das nossas terras são utilizadas pelo agronegócio para a produção voltada à exportação e biocombustíveis, e não para a nossa alimentação. Em compensação, a agricultura familiar, responsável pela produção da maior parte dos alimentos que consumimos e grande maioria da população rural no Brasil, ocupa a menor parte das terras e recebe a menor parte dos recursos. E ainda tem gente que defende que o agro(negócio) é pop.
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Para mudarmos essa realidade, precisamos de programas que incentivem a agricultura familiar a agroecologia (em contraposição ao agronegócio) assim como um órgão público que ficasse responsável pela compra desses alimentos e por repassar aos centros consumidores.
Hoje em dia isso é feito na maioria dos casos por intermediários particulares, também chamados de “atravessadores”. O problema com essa prática é que muitas vezes esses atravessadores estão ligados aos compradores (donos de distribuidoras e supermercados), e operam com um preço muito reduzido, garantindo grandes margens de lucro aos compradores. Os agricultores, por usa vez, muitas vezes sentem-se coagidos por não conseguirem vender para mais ninguém por um preço melhor, já que os atravessadores trabalham em conjunto e combinam preços para pagar mais barato.
Uma ideia interessante seria criar um órgão estadual nos mesmos moldes da Conab (Companhia de Abastecimento Social), órgão federal que realiza aquisições dos produtos advindos da agricultura familiar e repassa a projetos sociais, ajuda humanitária, doações de cestas básicas, etc. Esse órgão poderia ficar responsável de comprar os produtos dos agricultores familiares e repassá-los às escolas, projetos sociais e até mesmo os centros de distribuição, garantindo um valor digno aos produtores.
Já existem iniciativas semelhantes mas com algumas lacunas
Recentemente foi lançado um portal pelo governo federal voltado aos aos pequenos agricultores que desejam vender diretamente para quartéis, asilos, universidades e hospitais federais e editais do governo. Porém, a iniciativa ainda não decolou.
Já no estado de São Paulo existe a CODASP (Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo), vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento e que atua no ramo da engenharia oferecendo serviços de infraestrutura voltados ao agronegócio, como criação de estradas, fornecimento de irrigação, etc, mas não atua na compra e venda de produtos.
Seria extremamente bem vindo um serviço como o portal do governo mas vinculado à CODASP, com editais que garantissem o repasse às escolas e órgãos estaduais, o que já ajudaria milhares de pequenos agricultores e forneceria alimento de qualidade às nossas crianças. É preciso valorizar aqueles que nos garantem alimentação de qualidade, portanto, ações como essas são imprescindíveis num governo realmente popular e que se preocupa com a saúde e sobrevivência da nossa população.
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